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Visitando o passado (III)

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Meu pai, Luiz Alves Rolim Sobrinho, quando da reorganização partidária, após 1945, escolheu filiar-se ao PTB e acompanhou a vida partidária com militância ativa, presidindo o partido em várias ocasiões.

Em 1968 elegeu-se prefeito de Santa Maria e a governou até 31/12/1972. Ele frequentou, na adolescência, o Colégio Elementar, dirigido por Margarida Lopes. Em 1918, transferiu-se para Porto Alegre, onde se matriculou no curso de Capatazia Rural, anexo da Faculdade de Engenharia, que funcionava em Viamão. Em 1922, ao concluir o curso, ganhou uma bolsa de estudos do governo Borges de Medeiros para estudar Engenharia Agrícola nos EE.UU. Pretendia ser Agrônomo, mas teve os planos frustrados pela eclosão da revolução de 1923.

Foi designado pelo Estado para ser professor na Escola de Agricultura de Alegrete. Teve oportunidade de assistir ao combate da ponte sobre o Rio Ibirapuitã, onde Flores da Cunha, comandando a "Brigada do Oeste" derrotou e prendeu o general Honório Lemes, o Leão do Caverá, que comandava o 2º Corpo do Exército Libertador. Conta-se que Honório Lemes, ao reconhecer a derrota, após perseguição pelas forças chimangas, quis entregar a espada à Flores da Cunha, que, em lágrimas (era um emotivo) recusou recebê-la. Eram outros tempos, de homens altivos e de indiscutível respeito e honestidade.

Como já disse no primeiro artigo desta série, em 1959, fui eleito vereador pelo PTB. Eram 15 edis, sendo que o PTB elegeu 9, o PSD 4, o PL 1 e o PDC 1 (Nelson Marchezan). Para o cargo de prefeito e vice, a história foi outra... Até 1956, as cédulas para prefeito, vice e vereadores eram impressas pelos partidos e expostas nas cabines indevassáveis, onde o eleitor pegava e colocava dentro em um envelope e depositava na urna. Em 1959, pela primeira vez em eleições municipais, utilizou-se a "cédula única", onde constavam os nomes dos candidatos a prefeito e vice-prefeito, que deveriam ser assinalados com um X no quadradinho ao lado. Eram votos separados, independente de partidos. Os candidatos eram Miguel Sevi Viero, pela coligação (PSD, PL e PDC) e Diocleciano Dornelles pelo PTB. Para vice-prefeito, os nomes eram de Vitor Hugo Soares Leal, pela coligação, e José Fidelis Ramos Coelho pelo PTB.

A votação obedecia ao seguinte ordenamento: o eleitor recebia a cédula única e ia até a cabine, assinalava os candidatos, colocava a cédula dentro do envelope e depositava na urna. Depois, voltava à cabine para votar no vereador. A cédula impressa pelos partidos levava-se de casa.

No decorrer da apuração, começaram a aparecer votos para vereador dentro do envelope da cédula única e o Juiz Eleitoral mandou que se anulasse aqueles votos para prefeito e vice. Essa decisão foi discutida posteriormente e, em vários municípios, foi revogada. Assim, os votos de prefeito e vice foram validados, sendo simplesmente rejeitadas as cédulas de vereadores. Em Santa Maria, no entanto, a história foi outra! Quando esses votos começaram a ser anulados os advogados dos partidos se movimentaram para recorrer da decisão.

O Dr. Hélvio Jobim, advogado da coligação, registrou o seu recurso e quando o advogado do PTB - Dr. Guilherme Groismann - chegou, encontrou o recurso feito e absteve-se de repeti-lo. A votação para prefeito foi se desenrolando muito parelha e quase ao final, já havia 1.673 votos anulados, sendo que a maioria deles eram do PTB. O Dr. Hélvio, muito vivo, sorrateiramente foi ao juiz e retirou o recurso. O Dr. Groismann não se deu conta do fato e deixou de fazer o recurso do PTB. Encerrada a apuração, o resultado foi o seguinte: Viero 12.539 votos e Diocleciano 12.162, com uma diferença de apenas 377 votos. Para vice-prefeito, José Fidelis obteve 13.096 votos contra Vitor Hugo com 11.236. Se os votos nulos tivessem sido contados, como aconteceu em outros municípios, o PTB teria ganho a eleição com seu prefeito, vice e nove vereadores.

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